INTELIGÊNCIA EMOCIONAL E LIDERANÇA

Um dos provérbios que guardo sempre na memória como um farol na jornada do ensino, é aquele de William Ward: “O professor medíocre conta; o professor comum explica; o bom professor mostra; o professor excelente inspira.” Abraçando a profissão para a vida, sempre sonhei ser aquele que consegue inspirar. Chegar lá é um desafio, mas se aproveitarmos os obstáculos no caminho como oportunidades para reflexão, muito já terá sido feito. E porque é tão difícil inspirar?

A nossa jornada começa na escola quando, ainda criança, guiados pela intuição já conseguimos distinguir entre o mestre que impressiona, tornando-se modelo ou referencia quanto a atitudes e emoções, e aquele que não diz muito. O primeiro cria um ambiente que favorece o despertar da empatia e a descoberta da diversidade emocional, produzindo atividades que estimulam o desenvolvimento afetivo e a solução de conflitos interpessoais. É o mestre que nos estimula a interagir e a administrar emoções, nos ensina a tentar “calçar” o sapato do outro e a compreender a possibilidade de sentir emoções opostas e passar de uma à outra de forma natural. A inspiração nasce, então, da capacidade de estimular o desenvolvimento da inteligência emocional do aluno.

Mais tarde na vida, o mestre é substituído pelo chefe, o líder, e então somos novamente postos à prova com relação às nossas emoções e como lidamos com elas.

Na área da liderança, a inteligência emocional passou a tomar lugar de destaque há relativamente pouco tempo. A partir dos anos 80, com maior destaque para a neurociência, pesquisadores passaram a observar o peso que a inteligência emocional exerce na capacidade de liderar pessoas, e o quanto a presença ou ausência dela podem representar em termos econômicos para as grandes corporações. Em um mundo em constante a cada vez mais veloz mutação, líderes precisam ser rápidos e eficientes para garantir a posição de suas empresas. Neste contexto, os recursos humanos são o maior fator de desenvolvimento de uma corporação, o que coloca o papel do líder em relação aos seus liderados numa posição crucial. É absolutamente vital que o líder tenha visão e consiga exercer uma influência benigna sobre seus liderados, motivando e inspirando, muito além de gráficos, números e business plans.

Grandes líderes criam relações ressonantes com suas equipes, fazendo com que todos se movam em sincronia. Compartilham visão e esperança, compaixão e cuidado, inspirando mudança e adaptação. As competências de inteligência emocional e social, bem como inteligência cognitiva, são fatores determinantes para uma liderança bem sucedida. O líder pode ter um alto quociente de inteligência (Q.I.) e preparo técnico para o cargo, mas se falhar em sua capacidade de se relacionar com a equipe, sua habilidade para administrar sentimentos e emoções, seus e dos que o cercam, estará condenado como líder. Não há empresa atuante e bem sucedida num mundo de terceiro milênio que não passe por uma revisão de conceitos na área da administração de seus recursos humanos, e que não reconheça o poder da inteligência emocional na sincronia da equipe e em seus resultados.

Os nascidos neste milênio certamente chegarão ao mercado de trabalho já com um quociente emocional bem mais alto que seus antecessores; aos que chegaram até aqui sem este preparo, só há um caminho a percorrer, e este é o do autoconhecimento. A consciência de si mesmo, o conhecimento dos processos internos de origem e controle das emoções é o primeiro passo nessa longa e tortuosa jornada, um caminho muitas vezes doloroso, mas altamente gratificante, onde o objetivo final é a conquista da capacidade de administrar e direcionar fortes e complexas emoções a nosso favor.

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