
Language Coaching e a Evolução no Aprendizado
Aprender uma língua estrangeira partindo da estaca zero é um processo de muitos estágios; sabemos que quanto mais cedo na vida este processo for iniciado, maiores são as chances de sucesso, mais rápido e mais naturalmente ele se dará.
Pensemos no processo de aprender a dirigir, que no inicio requer enorme esforço mental, enorme atenção; depois de certo tempo e muita prática, o motorista não pensa mais, ele apenas senta-se ao volante a automaticamente o faz, seguindo os comandos vindos da mente subconsciente. Após um tempo e muita prática, o falante não nativo não precisa mais pensar nem traduzir, ele automaticamente fala a língua que flui de seu subconsciente.
Este estágio do não pensar, do fluir sem stress, do aprender fazendo, nos remete ao “deep end approach”, abordagem que prega a exposição do aprendiz à situação real, para então ensiná-lo a “sobreviver” naquela situação, como ser jogado em uma piscina e então aprender a nadar. A pessoa aprende o que quer que seja por sua própria experiência, executando, fazendo. Sabe-se que este método, se usado em um ambiente de muita calma e encorajamento, sem qualquer pressão, produz efeitos poderosos e duradouros.
Mudemos o foco para o aluno de nível intermediário em diante, aquele que consegue sobreviver, conhece as estruturas da língua, entende o que ouve, entende o que lê, mas continua sentindo-se inseguro na comunicação, não tem consciência do quanto sabe, sente-se incapaz. É claro que rever estruturas, exercitar-se, estudar, podem produzir bons resultados; porém, o que efetivamente poderia levar a pessoa a um novo patamar, ao domínio confortável da comunicação, ao seguir o fluxo do subconsciente com naturalidade, seria justamente o “fazer”, o desempenhar num ambiente livre de stress, onde a motivação fosse o ponto alto.
Uma das funções mais importantes do Language Coach é conseguir produzir este ambiente livre de stress, onde o sistema límbico no cérebro do Coachee esteja calmo e satisfeito; assim sendo, com interesse no assunto, com motivação, automaticamente o Coachee começará a produzir com as ferramentas que tiver e, gradativamente, começará a evoluir de um estágio para outro com absoluta naturalidade. Certamente haverá limitações e obstáculos, mas uma vez que o ambiente transmita segurança, o Coachee fará tentativas, errará, parafraseará, tentará mais uma vez e, por fim, aprenderá algo novo com suas experiências. É importante que o Coach saiba conduzir o processo sem interrupções bruscas que cortem o fluxo das ideias. O ideal de tempo de fala nestas situações é sempre bem maior para o Coachee do que para o Coach, que deve funcionar mais como um facilitador, ou um motivador para que a conversa aconteça.
Uma sugestão aos alunos que se encontram neste patamar de aprendizado são os grupos de conversação temáticos. Pessoas com interesses em comum que se juntam para discutir temas relacionados, em geral sentem grande motivação em trocar ideias, discutir, concordar, confrontar, comentar, enfim, falar. E, falando, vão aprendendo novo vocabulário, praticando entonação, treinando estruturas a partir de textos, do Coach e dos próprios colegas. Enfim, vão evoluindo em seu processo linguístico e, por que não, evoluindo também como pessoas, interagindo, pensando, aprendendo sempre algo novo, aumentando sua autoestima por adquirir e dominar uma habilidade tão desejada.