Falar com Autoconfiança – um desafio para muitos

Falar com Autoconfiança – um desafio para muitos

Muitos adultos procuram treinamento individual em língua estrangeira não por alguma dificuldade específica em aprender, mas por uma questão psicológica – não se sentem à vontade para falar a língua e nunca estão satisfeitos com a sua performance. Nestes casos encontram no processo de Coaching um espaço seguro onde podem errar à vontade e continuar treinando até que acreditem estar prontos. Em parte é verdade, mas o que seria “estar pronto”?

Em primeiro lugar cabe diferenciar o falante com autoconfiança do que não tem autoconfiança, e o melhor termômetro para isso é a reação do interlocutor. Quando uma pessoa fala uma língua estrangeira em tom baixo de voz, às vezes com os ombros encolhidos e postura tímida, sem manter contato visual por muito tempo, é sinal que ela não está muito segura do que está fazendo; se o interlocutor se torna impaciente, interrompe ou tenta dominar o diálogo ou, pior ainda, ignora, é hora de rever a atitude com relação ao ato de falar aquela língua.

Por outro lado, se o interlocutor presta atenção, raramente interrompe, mantém contato visual sob o domínio de quem está falando, é sinal que este não tem problema de autoconfiança para falar em outra língua.

Mas o que caracteriza esta autoconfiança? Muitas pessoas podem pensar que é o domínio perfeito da língua. Não é. Para ser autoconfiante no falar uma língua estrangeira a pessoa não precisa necessariamente ser fluente ou não cometer erros. Autoconfiança é uma questão psicológica, e a boa nova é que ela é uma habilidade que pode ser treinada, como cozinhar, andar de bicicleta ou dirigir. Requer dedicação e prática, mas adquirir autoconfiança fará toda a diferença na sua comunicação.

A autoconfiança é percebida, em primeiro lugar, pela linguagem corporal. A postura é ereta e o contato visual constante, o tom de voz é enérgico. Na verdade, aquilo que se diz não importa tanto quanto a maneira com que é dito. E aqui vão algumas dicas de como melhorar este desempenho: a fala deve vir do tórax, não da garganta; é preciso falar com calma, pois falar rápido denota nervosismo; a fala deve ser assertiva, sem buscar aprovação; “tiques” repetitivos como, em inglês, “you know” ou “like” devem ser evitados.

O perfeccionismo deve ser deixado de lado. Contrariamente ao que possa parecer, perfeccionismo não é sinal de excelência e sim de insegurança. O perfeccionista tem expectativas muito altas com relação a si mesmo, e com isso perde oportunidades. A pessoa nunca se acha pronta, quer sempre estar melhor. Assim, nunca chega onde quer, simplesmente porque perfeição não existe. Errar é comum até na nossa própria língua, o importante é aprender com os erros. Além disso, colocar grandes expectativas naquilo que o interlocutor vai pensar é também um desperdício de energia: muitas vezes a outra pessoa não dá a menor importância para o fato.

Mas, sobretudo, autoconfiança é um comportamento e, como tal, vale lembrar algumas teorias da psicologia comportamental. Já no século XIX, um famoso pensador da Universidade de Harvard chamado William James, propunha uma teoria que vai na contramão do que se prega hoje em dia em materiais de autoajuda: ele dizia que a relação entre comportamento e emoções é uma via de duas mãos, ou seja, o comportamento não é somente fruto das emoções, mas ele tem o poder de causar as emoções. No nosso caso específico, agir como se houvesse autoconfiança pode gerar autoconfiança. Arriscar, aprumar o tom de voz e a postura, colocar-se em situações desconfortáveis e conseguir ter sucesso resulta em maior autoconfiança.

É como diz o ditado em inglês “Fake It Till You Make It”. Fingir autoconfiança acaba transformando o fingimento em realidade. James dizia que não fugimos de um urso porque estamos com medo, mas ficamos com medo do urso porque fugimos dele. Muito vanguardista para a era vitoriana. Mas o que importa aqui é que se a pessoa agir como se estivesse no poder de qualquer situação, ela começará a se sentir em poder.

E, é claro, não podemos deixar de fora da questão da autoconfiança uma preparação adequada, capaz de garantir a boa qualidade da língua que estamos falando. Obviamente quanto mais preparada estiver a pessoa, maior a autoconfiança. Outro bom ditado em inglês diz “Practice Makes Perfect”; pratique muito, fale até mesmo sozinho para exercitar sons e articulações; revise; leia muito. E, não se esqueça, tudo começa na atitude.

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