INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E O ENSINO DE IDIOMAS

Não falar uma língua local deixou de ser um problema para viajantes desde quando o inglês virou língua franca; porém, apenas 1 bilhão dos 8 bilhões de habitantes do planeta fala inglês, o que mantém o protagonismo do seu aprendizado, uma vez que não é apenas nas viagens que precisamos usá-lo hoje em dia. Mas situações imponderáveis como o COVID-19 abriram caminho de vez para que a tecnologia assumisse um papel de destaque numa área onde era apenas um coadjuvante.

A I.A. hoje está presente em todas as áreas da vida como medicina, arte, segurança, comércio, meio-ambiente, etc. E porque não estaria na educação? Ela tem o inegável potencial de transformar o funcionamento da educação, aumentando a competitividade das instituições de ensino e aumentando a capacidade de aproveitamento de professores e alunos. A I.A. tornou-se essencial à educação.

Aplicativos inteligentes vêm contribuindo para modificar os papéis de professores, escolas e alunos. Conteúdos inteligentes podem estar presentes desde livros digitalizados até interfaces customizados. Plataformas interativas podem conduzir discussões com os alunos e responder suas perguntas. Professores podem usar I.A. para avaliar alunos com maior precisão. As facilidades introduzidas pelo uso da I.A. na educação são inúmeras, sem precisar mencionar tempo e espaço.

Contudo, ensinar um idioma significa desenvolver competência comunicativa, o que se consegue sabendo usar elementos linguísticos e vocabulário para desenvolver as habilidades de compreender, falar, ler e escrever naquele idioma. Muitos alunos temem que com o uso da I.A. possam perder o ambiente natural onde interagem com colegas e suas emoções reais, perdendo ainda em espontaneidade e em criatividade da vida real. Questões como cyber-ataques também figuram como um receio de quem considera adotar a I.A. como meio de aprendizagem.

Mas, pessoalmente, considero que nenhuma desvantagem se compare à perda do exercício mental que a aprendizagem tradicional de um novo idioma representa. A neurociência nos tem insistentemente informado sobre suas descobertas com relação aos benefícios de se falar mais de um idioma para a saúde do cérebro. Aprender um idioma significa um excelente “brain workout”.

O uso de apps e I.A. pode resolver uma dúvida momentânea, sem muito esforço, ajudar na prática do idioma, mas seu uso excessivo acaba criando dependência. O processo de aprendizagem não estará ocorrendo de forma apropriada naquele cérebro, portanto não criará raízes. A qualidade do ensino e da aprendizagem depende da qualidade do conteúdo, e sem a sabedoria humana não se cria novos conteúdos. Ainda não se ouviu falar de I.A. capaz de criar conteúdos didáticos independentemente. A I.A. é uma excelente ferramenta de auxílio que pode enriquecer o processo de aprendizagem, porém usá-la de forma inteligente requer critérios, responsabilidade, autocontrole, questionamento e poder de decisão. A questão é saber quais alunos estão realmente preparados para isso.

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